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Viajar a custo zero

Viajar a custo zero   Acabo de chegar de mais uma viagem e a minha primeira compra quando cheguei a Lisboa foram dois guias turísticos para aprofundar ideias para futuras viagens. Acho que gosto quase tanto de preparar as viagens do que de as fazer. Sem dúvida que poderei dizer que viajar

Viajar a custo zero

Viajar a custo zero
 
Acabo de chegar de mais uma viagem e a minha primeira compra quando cheguei a Lisboa foram dois guias turísticos para aprofundar ideias para futuras viagens. Acho que gosto quase tanto de preparar as viagens do que de as fazer. Sem dúvida que poderei dizer que viajar é uma prioridade para mim.
 
Conheço poucas pessoas que não gostem de viajar mas, verdadeiramente, conheço muito poucas para as quais viajar seja uma prioridade. E está tudo bem com isso.
 
Existe sempre porém, umas vezes com maior clareza, outras de forma menos óbvia, o típico comentário: “Isso é para quem pode”. Este tipo de frase é absolutamente devastadora…para a própria pessoa.
 
a. Em primeiro lugar, tirando casos muito extremos (que existem e são muitos mais do que aqueles que deveriam existir) a maioria das pessoas tem um espaço de decisão para fazer as suas opções. E essas opções são tomadas em razão das prioridades e daquilo que faz as pessoas felizes ou, melhor, que as pessoas pensam que impactam positivamente na sua vida. Evidentemente que se alguém paga 200€ por mês para ter um carro, está a canalizar para isso um valor que talvez pudesse poupar para orientar para viagens. Se a pessoa não faz um esforço para reduzir as despesas ao ponto das receitas não servirem somente para cobrir as despesas pois que nunca poderá ter algum dinheiro para investir e gerar rendimentos acrescidos. A frase “isso é para quem pode” é mais “isso é para quem quer”. Mas aqui duas coisas: Quem quer é quem quer mesmo! Quem encara viajar e conhecer pessoas e sítios novos como uma prioridade. Não é para quem acha piada. E, em segundo lugar, não tem nada de mal em não querer. O que seria do amarelo se gostássemos todos do azul! Nada contra quem gosta de ter carros novos de 5 em 5 anos ou de comprar mais um casaco para juntar aos 7 que já tem em casa. A frase é devastadora, portanto, porque é mentira. A pessoa está completamente enganada sobre si própria.
 
b. Em segundo lugar, a frase prejudica a pessoa porque a limita imenso. Já trocámos ideias sobre isso: Se eu afirmar que vou pegar no carro esta tarde e vou a Corunha poderei não ser capaz e ficar pelo Porto ou ser capaz e chegar à Corunha. Mas se eu afirmar que hoje vou a Santarém não tenho nenhuma hipótese nem de chegar ao Porto e muito menos à Corunha. Se parto para o assunto derrotado – “isso é para quem pode e eu não posso”, nunca conseguirei viajar.

O ponto é que as pessoas – e isso não é criticável – apenas observam umas fotos e dizem o Tiago está nas Maldivas. Uma boa vida. Isso é para quem pode. Não alinho em conversas do coitadinho: Claro que é uma oportunidade fantástica e que me tenho por abençoado por conseguir fazer algo que gosto tanto. E agradeço todos os dias pelas coisas correrem bem. Agora, calma. As fotos ou os vídeos de uma viajem são uma ponta do icebergue. Que opções tive que tomar? Quanta roupa comprei no último ano? Pago alguma mensalidade para ter um carro novo? Como me desloco para o escritório? Quantas horas dedico ao meu projeto por dia? Quanto tive de arriscar para sair do conforto do mercado de trabalho das grandes firmas de advocacia e abrir o meu próprio negócio? Que outras facilidades obtive por razões diversas ou por pesquisa atempada?

 

Eu dou sempre este exemplo porque é claro e inequívoco para mim: A certa altura da minha vida poderia ter tomado uma opção de carreira diferente. Naquela altura, se tivesse colocado o curso em segundo plano – e portanto afastando-me de tudo aquilo que hoje sou e faço – certamente teria chegado a São Bento e teria um início de carreira política promissora. Não digo isto como mera especulação ou consideração abstrata. Foi factual. Tudo implica opções e um esforço grande para conseguir atingir esses objetivos.

 

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Três pontos relevantes: 
A. Viajar está hoje democratizado. É possível – perfeitamente – ir passar 10 dias ao sudoeste asiático a menos de 1.000€ já com os voos. Perfeitamente. É preciso que as pessoas tenham noção do que estamos hoje a falar. Existe uma certa democratização. É possível ir fazer a volta à Islândia e conseguir, sem grande esforço, fazer a viagem em 11 ou 12 dias, em cima dos 1.000 ou 1.200€. É um ano a poupar 100€. Repito: Algumas pessoas não o conseguem de facto mas 90% das pessoas que conheço tem muito mais de 100€ gastos em opções.

 

B. E viajar é um investimento (e não, não é um cliché): Além do prazer que dá adquirem-se imensas competências que são fundamentais no sucesso da pessoa. Primeiro, porque acredito que só é possível TER se formos capazes de SER. Conhecer novas pessoas, novas culturas, permite-nos evoluir imenso como pessoas, sermos muito melhores. É nisso que acredito. E ser melhor, permitirá sempre ter melhor. Para mim, conversar 1h30 com um advogado das Maldivas que mora na capital e é muçulmano sobre as diferenças do que acreditamos é uma experiência fantástica. Melhora. Conhecer a Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires abriu-me imensos horizontes. E isso já se tem reconduzido em melhorias palpáveis da minha condição atual. Ou seja, mesmo em termos financeiros puros, é possível que ganhe mais com o que viajo do que o que gasto.

 

C. Por último: Hoje existem imensas formas de viajar mesmo a custo zero. Programas de trabalho que é pago com alojamento e alimentação e algum tempo livre para visitar as redondezas, etc. E, dependendo dos negócios de cada um, até será possível ficar mais rico financeiramente após viajar. Se uma pessoa pagar uma renda de 800€/mês por exemplo e a deixar de pagar, bem como todas as contas e despesas de alimentação em Lisboa, estamos a falar de uma poupança de 1.000€ ou 1.100€/mês. Com esse dinheiro dá para estar, perfeitamente, a viver no Cambodja e voltar a Lisboa com mais dinheiro do que aquilo que se teria senão se tivesse saído de cá. (Sim, eu sei que é só em alguns negócios que isso é possível…).

 

Mas, até na linha do post anterior, não podemos andar sempre com desculpas. A Rita Pereira vai às Maldivas com tudo pago porque é uma figura pública e isso vai ser bom para o sítio que ela visita? Pois que bom para ela. Ficar genuinamente contente e pensar que com toda a certeza ela teve que também tomar opções e trabalhar num certo sentido para atingir o patamar que conseguiu. E sempre, mas sempre, seguindo a grande frase da personagem Frank Underwood do House of Cards: Se não estamos contentes com a mesa, é virar a mesa ao contrário!

 

tmgmendonca@gmail.com

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