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Custo, Preço, Valor, Despesa, Dívida ou Investimento? Palavras ou forma de encarar a vida?

Por vezes quando anuncio um determinado curso os alunos perguntam-me qual o seu valor. É uma questão a que eu não posso responder. O valor daquilo que adquirimos é definido por nós. Aliás o valor que atribuímos a determinado bem ou serviço corresponde à nossa disposição máxima de pagar. E

Por vezes quando anuncio um determinado curso os alunos perguntam-me qual o seu valor. É uma questão a que eu não posso responder. O valor daquilo que adquirimos é definido por nós. Aliás o valor que atribuímos a determinado bem ou serviço corresponde à nossa disposição máxima de pagar. E é variável de pessoa para pessoa. O conceito de caro ou barato não faz sentido porque só pagaremos se a utilidade que retiramos da aquisição for superior ao preço que pagámos para adquirir esse bem ou serviço.
 

Custo

 
O custo não tem interesse nenhum. É um dado que diz respeito ao vendedor. Quanto me custa a mim a fazer o curso é indiferente. Esse tipo de raciocínio não faz nenhum sentido porque normalmente leva para caminhos como “ele podia baixar o preço” ou “assim ele vai fechar porque não faz dinheiro nenhum”. É indiferente quanto eu ganho. Aliás, não é. Se eu ganhar mais vou poder gastar mais e isso beneficia todos. Eu estarei disposto a praticar um preço que seja superior ao meu custo.
 
E entre a disposição máxima de pagar aferida pelo valor e a disposição mínima de vender baseada no custo chegamos a um preço de equilíbrio. E é por isso que sempre que transacionamos algo temos uma soma positiva. Eu ganhei a diferença entre o meu custo e o preço a que prestei o meu serviço e a Ritinha que adquiriu o serviço ganhou a diferença entre a sua disposição máxima de pagar – o valor que ela dá ao curso, por exemplo – e aquilo que pagou. Se comprámos alguma coisa não devemos portanto achar que pagámos muito ou pouco e, pelo contrário, devemos desfrutar do “bom negócio” que fizemos. Caso contrário não o teríamos feito.
 
O ponto é que podemos queixar-nos que a gasolina está cara. Certo. Mas só compramos gasolina porque a utilidade que retiramos dessa aquisição é superior ao preço que pagamos. Por isso é sempre uma soma positiva e gerou sempre bem-estar. Insisto: Não tem mal nenhum (aliás será o mais racional a fazer) dizermos que por 400€ não compramos o cativo do nosso clube. Isso acontecerá sempre que a utilidade que atribuímos a esse bem ou serviço for inferior ao preço que nos é pedido. Mas não interessam perdas de tempo sobre é caro ou barato. Se comprarmos não vale a pena queixar do preço mas desfrutar da soma positiva.
 

Despesas

 
Sim, o importante da vida é gozar as coisas boas. É muito interessante gastarmos dinheiro a ir a um bom restaurante, a beber um bom vinho ou a ver um bom filme. Não existe nenhum problema com alguém que gasta muito dinheiro. A despesa, por definição, não é reprodutiva, quer dizer, não é um investimento. Mas é essencial para satisfazermos as nossas necessidades (básicas como alimentação, luz ou água mas também necessidades culturais ou de auto-realização). O drama está na dívida. Se o João que ganha 4.000€ gastar 3.000€ (despesa) e tiver 1.000 em dívida (crédito para a casa e creche do filho – digo dívida porque não pode acabar com essa despesa já que não pode revogar a decisão de ter tido um filho) a mim não me preocupa mesmo nada. Gasta muito mas se tiver um contratempo deixa de gastar. O que me preocupa é a dívida: As pessoas gastarem aquilo que não têm. Ai está o problema global: A definição de um padrão de vida insustentável. Uma coisa é o sonho de atingir A – a que corresponderá uma luta grande por aumentar as receitas para conseguir pagar esse sonho A. Outra coisa é a pessoa ficar amorfa no que respeita à luta por obtenção de rendimento e “comprar esse sonho” sem dinheiro para isso. Esse é o perigo.
 

Investimento

 
Tudo aquilo que gastamos com objetivo de retorno. Pequenos soldados que saem de manhã e que voltam à noite com mais amigos. Mas as pessoas tendem a olhar para este aspeto de forma demasiado direta. Invisto agora 1.000€ em ações quero amanhã 1.100€. Compro hoje um imóvel quero amanhã mais 20 mil euros. Existe espaço para aquilo que chamo o investimento pessoal. Um curso de gastronomia para um advogado, um curso de astrologia para um engenheiro pode fazer todo o sentido do ponto de vista do investimento (da despesa benigna por estarem a fazer algo que gostam fará com toda a certeza). Defendo que as pessoas devem olhar para si próprias como o seu próprio negócio. Tudo aquilo que seja alargamento do conhecimento, abrir novas portas ou conhecer pessoas diferentes é um investimento potencial interessante. Mesmo que não exista qualquer ideia de exercer advocacia ter a cédula da ordem dos advogados pode ser um investimento ajuizado. O investimento na marca pessoal é fundamental. Cada vez que a pessoa sabe mais, conhece mais, tem uma rede de contactos maior, o seu valor é maior. Terá sempre mais oportunidades, mais escolhas, mais portas.
 
Há dias uma amiga confidenciava-me que tinha ideia de fazer um curso de coaching e que alguém terá perguntado que sentido isso fazia já que ela era de uma “área completamente diferente”. Faz todo o sentido. Aliás faz até mais sentido por ser de uma “área diferente”. Vai crescer e evoluir, melhorar competências, alargar o conhecimento. É uma marca mais forte.
 
Desapego no que os outros ganham ou nos seus custos. Desfrutar das coisas que adquirimos porque certamente a utilidade que lhes damos é superior ao que pagamos por elas. Evitar – ao máximo – dívidas. Despesas para gozar as coisas boas da vida são muito bem-vindas. Investir, todos os dias, em ser uma pessoa melhor. Creio que por aqui estaremos mais próximos do sucesso. Sendo que, para mim, sucesso é tão-somente ser feliz.

tmgmendonca@gmail.com

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