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As aparências importam? Claro que sim.

Cria a tua própria marca e escolhe caçares em vez de seres caçado. É verdade que as aparências podem iludir e que, muitas vezes, quando conhecemos com maior profundidade uma pessoa ficamos com uma opinião completamente diferente daquela que formulámos inicialmente, seja em sentido positivo ou negativo. Mas, convenhamos, com que

Cria a tua própria marca e escolhe caçares em vez de seres caçado.
É verdade que as aparências podem iludir e que, muitas vezes, quando conhecemos com maior profundidade uma pessoa ficamos com uma opinião completamente diferente daquela que formulámos inicialmente, seja em sentido positivo ou negativo. Mas, convenhamos, com que percentagem de pessoas é que temos a oportunidade de, verdadeiramente, aprofundar o conhecimento? E, num outro plano, essa vontade de aprofundamento não deriva desse primeiro contacto? Parece que sim.

 

Se pensarmos no número de pessoas que realmente nos conhece chegaremos à conclusão que talvez não sejam muito mais do que os dedos de uma mão. Pelo menos no meu caso. Mas se pensar em quantas pessoas estabeleci contacto, mais ou menos profundo, ou até trabalhei, nos últimos dois ou três anos, verifico que são largas centenas.
Nesse sentido a maioria das pessoas com que nos vamos relacionar impõe um conhecimento meramente superficial. A verdade é que na maior parte das relações que estabelecemos estamos naquilo que é designado em Economia por assimetria informativa.

 

1. Quando vamos a uma entrevista de trabalho nós sabemos tudo de nós e o nosso recrutador não sabe nada;
2. Quando nos queixamos de uma dor a um médico nós não fazemos ideia de como resolver o problema e o médico (espera-se!) sabe;
3. Quando levamos um problema a um advogado não sabemos nada relativamente à resolução legal do problema e o advogado (tem dias…) sabe;

 

Nestes três casos estamos em assimetria informativa. No primeiro, nós temos toda a informação e o nosso interlocutor nenhuma informação. No segundo e terceiro exemplo, invertem-se os papéis.
Como se combate então a dita assimetria informativa? Através da sinalização. Nós temos de sinalizar junto das pessoas a nossa personalidade. No primeiro caso, através do curriculum onde procuramos sintetizar toda a nossa vida no máximo de duas páginas e, também, com uma entrevista de trabalho. No fundo, trata-se de alguém nos contratar não por aquilo que conhece de nós mas por aquilo que nós lhe demos a conhecer. Pelo que nós sinalizámos.
O mais poderoso mecanismo de sinalização não deixa de ser o efeito de reputação. Nós se procurarmos um médico tentamos sempre ver se ele é especialista, se tem um bom curriculum, enfim, tomamos uma opção com base naquilo que o médico sinalizou. No advogado a mesma coisa. Provavelmente ninguém procurará um médico-cirurgião que tem fama de ser um trapalhão ou um advogado que “perde” todos os processos.

 

Nas relações pessoais como discutia no outro dia também é assim. A verdade é que as interações que a pessoa vai tendo ao longo da vida sinalizam determinado tipo de personalidade. Se o leitor tivesse que escolher entre duas pessoas, em apenas 30 segundos, sem poder fazer perguntas, com qual gostaria de casar, sendo que na mesa A estava uma pessoa com um passado de infidelidades, casamentos falhados e relações ocasionais em catadupa, provavelmente optaria pela pessoa da mesa B. Mesmo que no final do dia, a primeira escolha tivesse sido a mais acertada.
Quando nós selecionamos determinados produtos relativamente a outros muitas vezes tomamos essa decisão com base na marca. Existem, verdadeiramente, marcas que nos tranquilizam. E quando penso em marcas não penso na Coca-Cola ou na Levis. Penso também em pessoas.

 

Quando o Dr. Lobo Antunes faleceu vi uma crónica, não me recordo agora de quem, que dizia basicamente que mesmo pessoas que estavam num estado muito grave, sempre que se dizia à família que “Mas olhe que o seu familiar vai ser acompanhado pela equipa do Dr. Lobo Antunes” era como se uma réstia de esperança, um novo ânimo surgisse. Porquê? Claro, pela sua extraordinária reputação.

 

No meu projeto a WE HELP. YOU WIN. até Setembro de 2015 eu era “apenas” licenciado pela FDL e a partir daí tornei-me mestre com 18 valores por essa faculdade. A reputação disparou. Sentiu-se. No fundo ser mestre pela FDL com 18 valores é algo bastante raro (sem pretensiosismo). Isso sinaliza conhecimento e de certa forma tranquiliza as pessoas pois sabem que (em princípio :)) estão em mãos competentes.
Chegados aqui torna-se importante sublinhar a necessidade de construir uma poderosa marca pessoal. Dizia Jay-Z quando lhe perguntaram qual era o seu negócio, que o negócio era ele próprio. E assim é. Como um bom ou mau começo
(aparentemente foi bom) a verdade é que a marca Kardashian é hoje das mais poderosas do mundo. Ao ponto de uma das irmãs esgotar os produtos da sua marca em 30 minutos. Claro que a marca pode rapidamente desvanecer-se: Veja-se o que se passou com Tiger Woods, com Lance Armstrong ou, por cá, com o declínio de Ricardo Salgado. Essa marca pessoal deve ser trabalhada e alimentada todos os dias. A reputação é muito difícil de conseguir e muito fácil de perder.

 

Creio que todas as pessoas deveriam olhar para si próprias e pensarem: De que forma posso eu contribuir no contexto da divisão do trabalho? Em que é que eu sou o melhor de todos? Como posso suprir de forma absolutamente excecional determinada necessidade existente? No fim, qual é a razão pela qual eu sou uma oferta de valor irresistível? Quando se perceber isso, percebe-se tudo.

 

Nesse momento poderemos deixar de perder tempo a explicar a uma grande empresa porque nos deve dar a oportunidade de trabalharmos para eles e, pelo contrário, devemos investir o nosso tempo em explicar porque é que estamos dispostos a trabalhar com eles. Esta mudança de mentalidade é tudo. Fará algum sentido pessoas degladiarem-se por um estágio não remunerado, por exemplo?

 

Essa construção de uma marca pessoal é fundamental e é diária. E tem múltiplas interpenetrações. As relações pessoais que constituímos, os nossos hobbies, as viagens que fazemos, os projetos que abraçamos, os cursos que fazemos, tudo isso serve para construir a marca Tiago, ou a marca Mariana, ou a marca Jorge ou a marca Filipa.
Quanto mais reputada for essa marca mais hipóteses teremos. E as pessoas com quem vamos interagir – seja no plano pessoal, seja profissional – fazem-no por essa marca que criamos.

 

Com as redes sociais não há desculpas. É fácil de criarmos e apostarmos na nossa marca.
Frank Underwood, a mítica personagem do House of Cards, soberbamente interpretada por Kevin Spacey, afirma muitas vezes: Caçar ou ser Caçado. É um pouco isso. Se o Sr. Belmiro de Azevedo pode estar na sua cadeira a convidar pessoas a provarem porque merecem uma oportunidade, tu também podes chegar a um escritório de advogados e fazer o mesmo. Mostrares-lhe o que têm eles a ganhar em contratarem-te. Inverteres as posições. Escolheres tu o que queres fazer e não o contrário.

 

Para quem ache muito difícil pense que “metade do mundo” está nessa posição. Quando vamos a um café é essa pessoa que está passivamente à espera que entres e que agarres a oportunidade que ela te deu de pagares para teres aquele serviço. Ela não te persegue na rua a implorar que lhe compres um café. E vais mais a um café do que a outro pela sua marca. Alicerçada em reputação. E na sinalização que te vai passando. Porque no início tinhas zero de informação.

 

Caçar ou ser caçado? – A escolha é tua.

tmgmendonca@gmail.com

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